Sou dessas que expõe as verdades sem se preocupar com as consequências das palavras impensadas.
Sou dessas que desobedece as ordens da boa diligência, que se sobrepõe a altarquia conferida e a falsa modéstia do saber mediano.
Sou assim, enorme e avassaladora, sem viés de nostalgia, que abraça o novo como quem devora um doce bem melado; sou farta de desejos que só se realizam por caprichos e vaidades, inteira à dispor do que me encanta, sempre à busca de algo que me motive e me tire o fôlego, que sempre foi tão abundante quanto limitado.
Sou dessas que insinua sem pudor, que faz o tom crescer com o som grave da minha voz nada delicada.
Sou dessas que não se preocupa em manter o que conquistou, desde que tenha algo melhor em vista, ainda que distante das mãos e das pernas.
Sou dessas que anda nas ruas, que desperta o interesse de ambos os irmãos, que desliza o salto alto em cima do meio fio, que exala a fumaça dos bem-aventurados, e que exprime o seu aroma para o deleite de todos que se derem ao desfrute de dançar um tango em meio ao caos de uma cidade iluminada pela boemia incessante e intensa.
Sou dessas aí…